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25 de Abril em Coimbra: Dias de Esperança

02/05/2025

«A cidade dorme serena na madrugada de 25 de abril de 1974. Poucos suspeitam do que se está a passar na capital. Em Coimbra, só horas depois do golpe, já o sol vai alto, é que a população sai para a rua para entender o que se está a passar. O regime tinha caído.»

No dia 25 de abril, segundo Jorge Gouveia Monteiro, a alta da cidade encontrava-se com alguma agitação. Junto à Porta-Férrea, um colega seu «dá vivas à liberdade». «A dúvida, porém, ainda não estava dissipada: é um golpe de direita ou um golpe de esquerda?»

O funcionamento da Universidade de Coimbra decorria com normalidade, mas os estudantes dificultavam os docentes que «insistem em leccionar».

Com a certeza de que o golpe era de esquerda, junto do Ateneu começaram a reunir-se estudantes e populares, que planeiam «a estratégia para uma manifestação». Desta forma, foi convocada uma Assembleia Magna nos jardins da Associação Académica de Coimbra (AAC), para o dia 26 de abril.

«Ao contrário de outros pontos do país, os militares de Coimbra não estão do lado do Movimento das Forças Armadas (MFA). Não os hostilizam (…) não os apoiam». O policiamento era notório perto da sede da PIDE/DGS, na rua Antero de Quental. 

Com o decorrer do tempo, havia na cidade, uma maior agitação. «O comércio mantém-se (…) as casas bancárias encerram a actividade (…) Ao final da tarde, as gráficas funcionam a todo o vapor para imprimir os primeiros comunicados do PCP».

Por sua vez, no dia 26 de abril, os folhetos eram distribuídos por um estudante de Engenharia. «Era a primeira vez que a divulgação de ideias é feita livremente». 

No final desse dia, «a Praça da República é um mar de gente que se prepara para marchar pelas ruas da cidade» enquanto gritam palavras de ordem. Assim que o trajeto acaba, são várias as pessoas que se dirigem para a sede da PIDE, que ainda se encontrava «cercada pela PSP».

Eram quatro da manhã quando se informava «as tropas revolucionárias tomaram o quartel da PIDE». «A saída dos pides estava anunciada». O primeiro a sair foi o inspetor Ferreira da Silva. «Consuma-se a extinção da PIDE/DGS em Coimbra. A opressão cai. A esperança renasce. A revolução está em marcha»

Reportagem originalmente escrita por Helder Almeida e Bruno Soraggi

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